quarta-feira, junho 28, 2006

re: O Sr. Scolari... é muito bom.

Gabi: resposta curta e grossa, não por falta de respeito pelo meu amigo, mas por falta de tempo.

a) O Brasil de 2002 não era uma equipa de vedetas, era uma equipa com algumas vedetas. Recordo, por exemplo, que Ronaldinho Gaúcho ainda não era uma vedeta, e Cafu, Edmilson e mesmo Emerson não têm esse perfil.
Quanto ao Portalegre, vou-me explicar melhor: o Scolari de hoje (ele, sim, uma vedeta) não levaria um Portalegre a um título de campeão.
b) Não confundir flexibilidade táctica (como Mourinho tem), com invenções tácticas (como Koeman usou e abusou). Scolari não inventa, e bem, o que lhe permite chegar longe, mas sem flexibilidade táctica arrisca-se a morrer na praia (aconteceu com a Grécia e acontecerá com o Brasil). Quanto à história: a Itália de 82 alterou-se tacticamente da primeira para a segunda fase (musculou o seu meio campo e apostou inequivocamente no contra-ataque); a França de 2000 e a Alemanha de 90 tinham um poderio tal que não precisavam de alterações tácticas; a França de 98 foi inflexivel tacticamente mas ganhou à rasca todos os jogos, excepto a final (Paraguai no prolongamento, Italia por penalties, Croácia graças a uma noite única de Thuram); quanto ao Brasil, nos anos referidos, aplica-se o que disse acima para a França e Alemanha. Mas o que dizer do Brasil de 82? A inflexibilidade táctica afastou uma das mais dotadas equipas de que há memória das meias-finais.
c) Certo.
d) "É preciso é que as bolas cheguem lá (ao Pauleta)". Pois. O problema é que é um Mundial, com os melhores jogadores do mundo e os melhores defesas do mundo. E com estes, é dificil ficar à espera que a bola lá chegue. E é isso que o amigo Pauleta faz. E quando por acaso a bola até lá chega (vide o ultimo jogo com a Holanda), o Pauleta não é letal. Letal é o Ronaldo, que mesmo "Gordito", acerta 9 em 10.

Para finalizar: não estou em minimas condições de analisar o trabalho de Otto Gloria (tinha -3 anos na altura). Daí para a frente, posso garantir que Scolari é de longe o melhor seleccionador que Portugal teve. E que deve continuar. Mas lá que o homem é um básico tacticamente, desculpa lá, mas é. E olha, caro Gabi, que iria adorar dar a mão à palmatória.

NG


p.s. ultima nota para o mítico jogo com Inglaterra: a colocação de Deco como lateral direito não implicou alteração táctica nenhuma. Alteração táctica era prescindir de lateral direito.

O Sr. Scolari

Scolari, no espaço de um mês, passou de incorrigivel arrogante a líder visionário. Besta a bestial, pois então. Tal e qual como aconteceu com o mesmo personagem no Euro 2004, e com centenas de outros, desde que alguém se lembrou que andar a correr atrás de uma bola era uma actividade mais divertida do que cansativa.
Excessos à parte, porque o futebol é uma actividade séria, pelo menos eu assim o entendo, Scolari tem mais defeitos que virtudes. Com bons jogadores, as suas virtudes escondem os defeitos. Explico: Scolari combina muito bem tomates (virtude nº1), com simpatia (virtude nº2). A primeira faz com que as vedetas se sintam normais, a segunda faz com que os normais se sintam vedetas. Daí vermos o Figo a fazer carrinhos e o Maniche a marcar golos. Daí ele não convocar vedetas que não queiram ser normais (Romário) e normais que não se deixam convencer que podem ser vedetas (Ricardo Rocha). Se Scolari apresentasse apenas uma destas virtudes, seria um enorme fracassado. Ou se treinasse uma equipa sem vedetas ou só com vedetas. Scolari nunca faria um bom trabalho com a Coreia do Sul ou com a Austrália, nem com o Real Madrid ou o Barcelona. Porquê? Porque Scolari é um quase zero tacticamente (defeito nº1) e não tem criatividade (defeito nº2). O seu Brasil jogava sempre em 3-5-2 e sempre com o mesmo 11. Com o Brasil, ou seja, com Cafu-Roberto Carlos-Ronaldinho-Rivaldo-Ronaldo e companhia, isto chegava. Já com Portugal, no Euro, a coisa complicou-se. Só alterou o 11 depois do descalabro do 1º jogo e mesmo assim manteve o Pauleta até à final. Táctica, o 4-1-2-3, nem mesmo com a Grécia na final mexeu. Mas com Ricardo Carvalho-Deco-Figo-Ronaldo isto quase que chegou.
No mundial, a sua equipa é o reflexo disto: mexer na táctica só mesmo com expulsões, mexer no 11 só por expulsões, ou risco de, ou lesões.
Vou repetir-me: Com bons jogadores, as virtudes de Scolari escondem os seus defeitos. A estabilidade táctica e do 11 titular garante segurança e fiabilidade. Trouxe-nos até aos quartos e chegará, estou certo, para ganhar à Inglaterra. Mas contra o Brasil é mais complicado. Pelo menos trocar o Pauleta pelo Nuno Gomes, hein, Sr. Scolari?

NG

domingo, junho 25, 2006

You are going home! You are going home!

Primeira nota para a Holanda: péssima equipa, sem fio de jogo, sem meio-campo, vivendo apenas dos dois extremos. Acrescem o comportamento inicial a roçar a violência e a vergonhosa falta de fair-play.
Os nossos lads mostraram o empenho que juntamente com um pouco de talento torna possível vencer títulos.
Destaques especiais para o Labreca (jogo perfeito até se lembrar de sair a cruzamentos, mas enfim, é dia de festa), os dois centrais (espero que se esqueçam de chatear o Meira a partir de agora), Miguel (Robben who?), Maniche (grande golo), Deco (grande joga e bela carga no fdp do holandês) e Figo (fantástico).
E lá vamos nós jogar com o Brasil.

NG

Mundial: ponto de situação

Segundo as minhas previsões, se Portugal ganhasse a Angola ganhavamos o Grupo (certo), jogariamos com a Costa do Marfim nos oitavos (errado), porque Argentina e Holanda não passariam da fase de Grupos (errado e errado). Vamos apanhar a Inglaterra nos quartos (o que continua válido), mas nas meias-finas já não apanhamos a Itália (mais um erro, porque apostei no segundo lugar dos nossos primos latinos), mas sim o Brasil.
Do outro lado, também uns errozitos, porque nem a França chega às meias finais (erro), nem o Henry será o melhor jogador do mundial (erro). A meia final será Itália-Alemanha e será com a Itália que jogaremos a final. Ah, tinha-me esquecido: vamos ganhar ao Brasil, claro. Com maior (se o Pauleta jogar) ou menor (se jogar o Nuno Gomes) dificuldade.

NG

sexta-feira, junho 23, 2006

O pai do gajo dos Keane!

Lembram-se deste post? De eu falar num tal de Johnny Logan? O pai dos vocalista dos Keane? Aqui está o gajo. Para quem nunca viu o gajo, o estilo é ou não é igualzinho?

NG

Dormir

Estava eu, depois de mais uma semana desgraçada, a pensar em deitar-me mais cedo. Mas cometi o erro de espreitar o blogue deste gajo e lá fiquei agarrado a isto. Bom, vamos deixar então o dormir para outro dia.

NG

p.s. Gaguinho, guarda este link pá. Já te estou a ver com os teus (tuas?) dois (duas?) rebentos: "Estão a ver? Isto é que era música! FR David, sim. Nunca ouviram falar?"

quinta-feira, junho 22, 2006

de maneiras que é assim


(a ouvir Nina Simone - Feeling Good)
"Birds flying high
you know how I feel
Sun in the sky
you know how I feel
Reeds driftin' on by
you know how I feel
(refrain:)
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good)

segunda-feira, junho 19, 2006

De perder a cabeça


A ANESPO - Associação Nacional do Ensino Profissional - tem um anúncio com uma formiga que, cansada de ouvir cantar a sua amiga cigarra, lhe dá dois pontapés - com efeito matrix e tudo - de tal forma violentos que lhe arranca a mona. Não contente, e uma vez que a cabeça da ex-artista se encontra no seu caminho, dá-lhe um chuto para fora de plano. E assina: "ANESCO Profissionais a Formar Profissionais"
O que é isto pá?
Qula é a mensagem? Qual é o objectivo?
O que é isto??

terça-feira, junho 13, 2006

Ganda baile

O futebol de salão, aquele com uma bola minuscula e pesada, era um jogo necessariamente objectivo, de poucos dribles e muita bicarada, pouca fantasia e muita porrada. Era isso que eu jogava. Um dia, um colega meu de liceu convidou-me para jogar na equipa dele. Precisavam de um defesa, um bom defesa, acrescento eu. E lá fomos jogar com uma equipa qualquer do liceu de Carnaxide. Os meus colegas de equipa passaram o jogo em dribles, ratadas, toques de calcanhar, nunca chutando à baliza. Invariavelmente, lá estava eu sozinho com três dos outros, procurando desesperadamente cortar a bola, para a devolver para o carrossel. Perdemos três a zero e eu confrontei os artistas que jogaram comigo com a derrota. "Vocês nem chutaram à baliza, caralho!", disse eu. "Mas demos um ganda baile!", disse o gajo com cabelo à surfista.
Era assim o futebol português da altura: grandes bailes, grandes derrotas. O Porto foi à final da Taça das Taças com a Juve: grande baile, derrota por 2-1. Portugal foi às meias-finais do Europeu de 84: grande baile, derrota por 3-2.
Isto revoltava-me. Para mim o futebol sempre foi um jogo para ganhar. Talvez por isso, quando em 82 toda a gente salivava com o Brasil de Falcão-Zico-Sócrates-Eder, eu torcia pela Alemanha de Stielike-Briegel-Littbarski-Rummennige. Uns davam baile, os outros ganhavam. Ambos acabaram por perder com a Itália, a equipa que instituiu o contra-ataque e que ainda se preocupava menos com dar baile que a Alemanha.

Muita gente, entre os quais a maioria dos nossos jornalistas desportivos, têm saudades do tempo em que as equipas portuguesas davam baile. Prova disso, foi o prémio de melhor treinador da temporada 2004/2005 entregue ao Peseiro, cujo Sporting jogava o "melhor futebol" do país. Grandes bailes dava o Sporting de Peseiro. Grandes derrotas (derrota com o Benfica, perdendo o Campeonato; derrota com o CSKA, perdendo a UEFA). A tradição ainda é o que era. Não é de estranhar, por isso, aqueles comentários estúpidos ao jogo de Angola. Não houve baile, como os jornalistas gostam. E eles ainda não perceberam que no futebol não existe o conceito de justiça. Ganha quem mete mais bolas na baliza do outro. E basta uma, num único ataque. E quem ganha é sempre um vencedor justo. Sempre. Foi isto que os alemães e os italianos perceberam primeiro que toda a gente. Foi isto que os brasileiros tiveram que perceber para voltarem a ganhar.
Nunca pensei dizer isto, mas ainda bem que o nosso seleccionador é brasileiro. Passámos a ter hipóteses de ganhar alguma coisa.

NG

quinta-feira, junho 08, 2006

Super Rock

Cult

Já não ouvia nada dos gajos há seguramente 10 anos e nunca os tinha visto. Foi emocionante ouvir o Sanctuary e o Rain ao vivo (parecia que estava no 2!). Os rapazinhos, já nos 50, acho, portaram-se muito bem. E apesar de ser um concerto onde os trintões é que mais vibraram, os teens também acharam alguma graça. Foi bom, apesar do Ian Ashbury ter gritado Figo 150 vezes.

Keane

Tinha alguma dificuldade em descrever os Keane. Até que ouvi umas palavaras sábias: "Estes gajos ganhavam o Eurofestival na boa". Automaticamente, a minha mulher lembrou-se do Johnny Logan e fez-se luz: os Keane são o Johnny Logan meets Richard Clayderman. São das coisinhas mais xaroposas que já ouvi. E se alguém julga que estou a exagerar, aguentem-se com esta: o Miguel Angelo estava lá (ainda nos continua a dever uma overdose) e estava a gostar. Contra factos, meus amigos, não há argumentos.

Legendary Tiger Man

Pintas, muito pintas, é o Chico Fininho em carne e osso (tem sapato bicudo e tudo) mas toca blues como um descendente de escravos da Virginia. A seguir. Atentamente.

Franz Ferdinand

Um concertaço. A música puxa por toda a gente, sem ser necessário apelos de palminhas ou isqueirinhos (como o Johnny Logan fez). Não teve um único momento morto, são todos excelentes músicos e a música, que já é fabulosa em disco, ainda melhora ao vivo, como um vinho tinto velho que ganha por respirar. Fa-bu-lo-so.

Sono

Tenho muito. Dormi pouco mais que 3 horas. E já não tenho 20 anos.

NG

terça-feira, junho 06, 2006

Agora compreendo melhor algumas das pessoas da minha familia*

Neandertal era parente e não antepassado do homem moderno

NG

* às pessoas da minha familia que lerem este post: you know who i mean.

segunda-feira, junho 05, 2006

Esqueci-me de casar

"Esqueci-me de casar", disse ele, com um sorriso armado no meio das rugas marcadas e da falta de cabelo. "Esqueci-me de casar", disse ele, enquanto acenava à minha filha, montado num passo lento, lamentando, mudo, não ter tido crianças só dele, uma que fosse, para lhe chamar linda, para lhe admirar os caracóis. "Esqueci-me de casar", disse ele, como uma piada, como provavelmente sempre o disse. Mas o que não disse, o que nunca disse, é um grito ainda preso: o arrependimento pela vida que não teve e que já não conseguirá ter.

NG

sexta-feira, junho 02, 2006

Estranha forma de vida

O meu blogue unipessoal, Palhaço, teve, nos últimos dias, um maior fluxo de visitas. Estranhei, dado que, por norma, só lá vão parar visitantes em busca de palhaços para festas. No sitemeter lá descobri que a razão estava num link a este post, de um blogue anti-Merche Romero, designado Merche the Phedophila. No dito cujo blogue batem na Merche como se a rapariga fosse um tapete. É escrito em inglês, talvez na esperança que o Sun ou pasquim similar reparem na coisa.
Não posso deixar de pensar no que se passa na cabeça de alguém que perde tempo com isto. Que estranha forma de vida.

NG

Cu

- Cu!
- Pooh, filha, Pooh.
- Cu!!
- Não é cu, filha, é Pooh.
- Cuuuuuu!!!!!

E ela ganhou. Pensando bem, tem toda a razão: o raio do boneco tem cara de cu.

NG